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Produtos transportados em condições inadequadas e que seriam utilizados na fabricação de alimentos |
A frequência com
que a Vigilância Sanitária de Itumbiara tem recebido de denúncias da população,
reclamando de produtos e serviços de alimentação, notadamente aqueles cuja fabricação,
antes do consumo, envolvem a manipulação e a utilização de ingredientes sem os
devidos cuidados, enseja algumas reflexões acerca dos fatores que são
determinantes para a qualidade final do produto e seu consumo seguro pela
população.
Sabe-se que
são muitas as variáveis envolvidas nos processos de fabricação de alimentos, tais
como, planta arquitetônica adequada do estabelecimento, com instalações que evitem
cruzamento de fluxos entre ambientes contaminados e os de manipulação; disponibilidade
de locais e dispositivos adequados que facilitem tanto a higienização de utensílios
utilizados no preparo dos alimentos, quanto
das pessoas envolvidos em outras etapas de fabricação; utilização de rotinas e procedimentos
que impeçam a utilização de produtos deteriorados e matérias primas com embalagens avariadas e/ou
prazos de validade expirados; procedimentos de rotulagem de produtos
fracionados, obedecendo-se a data de validade recomendada (“após aberto consumir
até a data..."); acondicionamento dos produtos em recipientes adequados à
sua conservação e, ainda, observação da temperatura de armazenamento
recomendada. Essas são algumas das medidas mais evidentes que, se adotadas,
poderiam, evitar grande parte das denúncias sobre serviços de alimentação que
chegam ao órgão.
Entretanto, a
realidade observada em muitas das fiscalizações preocupa. Verifica-se, frequentemente, que, em muitos estabelecimentos, nem o básico às boas práticas de fabricação
e manipulação de alimentos é encontrado. Não existem telas nas janelas que impeçam
insetos de adentrarem os ambientes de manipulação; não existem lixeiras dotadas
de pedal para que o manipulador não precise pegar na tampa para abri-las e dispensar
o lixo; não existem ralos escamoteáveis que sirvam de barreiras às baratas e
roedores que trafegam pelas tubulações da rede de esgoto; não existem dispositivos de papel (não
reciclado) toalha e sabonete líquido para que os manipuladores lavem as mãos com
frequência; não existem recipientes adequados para guardarem alimentos,
utilizando-se, comumente, absurda e erroneamente, de
sacolinhas de supermercados para guardá-los; não existe controle de roedores e
insetos (desratização e desinsetização); não existe limpeza de caixa d’água
semestralmente; existe a presença de esponjas que, de tão sujas e usadas,
contaminam louças, panelas e, até, o detergente líquido.
Some-se a tudo
isso a aquisição, contrariando a legislação, de produtos sem inspeção sanitária,
principalmente leite, queijo e carnes cujas origens, procedências e condições em
que foram fabricados, ou obtidos, sequer são conhecidas e jamais são
questionadas por aqueles que deles se utilizam nos seus processos de fabricação
dos alimentos que serão comercializados dentro de seus estabelecimentos.
Ao final teremos
um produto sem qualidade, contaminado e que, além de expor, principalmente
crianças, idosos e pessoas debilitadas à toda sorte de acontecimentos prejudiciais
à saúde, poderá culminar com a hospitalização e, até mesmo, num desfecho
trágico, ao óbito, daqueles que o ingeriram.
A população
tem visto o trabalho da Vigilância Sanitária de Itumbiara e seria ingênuo acreditar-se
que a fiscalização possa ser onipresente e onisciente, estando em todos os
lugares e sabendo de todas as irregularidades que cercam o comércio e os serviços
de alimentação de nossa cidade.
Tem-se
avançado, mas é preciso avançar muito mais, contando, para isso, com os olhos da
população que a tudo vê e presencia, reportando-se ao órgão as irregularidades que
forem observadas no seu cotidiano das relações de consumo nos estabelecimentos
de alimentação de nossa cidade.
Dr. Hebert Andrade Ribeiro Filho
Diretor de Vigilância Sanitária
de Itumbiara